quarta-feira, 17 de julho de 2013

Incluindo Crianças Autistas no Ensino Regular



Cada vez mais casos de sucesso são relatados onde a educação é um meio de extrema importância para um crescimento intelectual e social das crianças autistas. 
Está comprovado que as mais variadas metodologias, projetos, terapias que abrangem o lúdico e existem no tratamento de pessoas autistas é extremamente válido para o desenvolvimento dessas pessoas, juntamente com o apoio, dedicação e amor dos pais, profissionais, familiares que estão envolvidos no cotidiano delas.
Segue abaixo algumas orientações e estratégias selecionadas para contribuir no desenvolvimento do seu autista. Pois assim como nós, eles não são todos iguais.

Estratégias para o comportamento social

·   Aprender a: iniciar, manter e finalizar o jogo social; ser flexível, cooperativo e compartilhar; manter-se só sem que isso ofenda os outros.
·        Ensinar a observar o comportamento de outras crianças para indicar o que fazer e ensinar como se relacionar com elas.
·        Encorajar a participação em jogos cooperativos e competitivos.
·        Usar histórias sociais para explicar soluções e ações em situações sociais específicas.
·        Para ajudar a ensinar emoções: explorar uma emoção por vez, ensinar como ler e responder às pistas que indicam graus variados de emoção, ensinar frases de segurança para quando estiver inseguro ou confuso.
·    No auxílio à expressão de emoções: usar recursos visuais, como indicadores, desenhos ou vídeos.

 Estratégias para facilitar o compartilhar da atenção

 Partir de objetos e situações que a criança já mostra interesse para iniciar interação social.
           Utilizar estímulos visuais nas atividades pedagógicas e no dia-a-dia (organizar o horário,  mostrar aonde ela vai e o que vai acontecer).
             Estruturar o ambiente de forma que a criança preveja o que se espera dela em cada situação.
             Aproveitar situações e horas naturalmente agradáveis para a criança (banho, comida) para ensinar e trabalhar conceitos.
             Diminuir o tempo que a criança fica sozinha e sem atividade.

Dicas sobre como exercitar a leitura social


      Nomear as emoções na hora que elas acontecem, em situação natural Iniciar com emoções simples como alegria, tristeza, medo e após passar para emoções complexas e mais internalizadas como vergonha e orgulho.
        Criar pequenas estórias onde a leitura social é diferente para as diferentes óticas. 
        Estimular  empatia (simpatia pelo sentimento dos outros).
        Ensinar qual a resposta emocional apropriada para cada situação.


Dicas de como estimular a comunicação

  Responder a qualquer iniciativa e comunicação
 Apresentar objetos do interesse da criança
 Dar um intervalo de tempo entre mostrar e nomear um objeto. Quando fizer uma pergunta, faça perguntas abertas (que não caibam resposta com uma palavra). Tenha paciência para esperar a resposta.
 Utilizar recursos gestuais ou visuais para melhorar a comunicação.
 Utilizar situações naturais e reais para estimular a comunicação

Estratégias para interesses e rotinas

Interesses restritos - facilitar conversação, oferecendo ordem e consistência.
     Estratégias: aplicação construtiva para ter motivação e ser uma fonte de contato social.

Rotinas são impostas para que a vida seja previsível.
     Estratégias: insistir no compromisso, ensinar a noção de tempo e organizar a sequencia de atividade para
reduzir o nível de ansiedade da criança.

Estratégias para cognição

·    Teoria da Mente (capacidade de entender o ponto de vista de outra pessoa) – ensinar a perspectiva e pensamentos dos outros usando jogos dos papéis encenados pelas pessoas e jogos de instrução; estimular a criança a parar e refletir sobre como a pessoa se sente antes dela falar.

·           Memória – Desenvolver memória de informação factual e trivial através de jogos.

·      Flexibilidade do Pensamento – Praticar a reflexão sobre estratégias alternativas e aprender a pedir ajuda, mesmo sob a forma de códigos.

·        Leitura, soletração, cálculo – Observar se e quando a criança está utilizando uma estratégia não convencional e evitar críticas ou compaixão.

·        Imaginação – Mundos imaginários podem ser fontes de escape e prazer.

·        Pensamento Visual – Encorajar visualização usando diagramas e analogias.


Principais métodos de Ensino

1  ABA – Análise do Comportamento Aplicado

Esse método tem demonstrado ser o tratamento mais pesquisado e cientificamente comprovado até à data. ABA é um campo da psicologia que se concentra na aplicação de teorias de aprendizagem para melhorar o comportamento socialmente significativo e trazer mudanças positivas. Uma aplicação específica dessas técnicas é a intervenção comportamental intensiva em crianças com autismo. Três décadas de pesquisa demonstraram a eficácia dos princípios da ABA para crianças com autismo. Técnicas de ensino baseadas em ABA têm sido mostradas para melhorar significativamente as capacidades de crianças com autismo para aprender e se desenvolver.
As técnicas de ABA são fundamentadas na ciência. Algumas das marcas da ABA incluem:

Dividir tarefas complexas em tarefas menores que podem ser ensinadas mais facilmente
Oferecer oportunidades repetidas para aprender e dominar novas habilidades
Usando procedimentos de reforço para auxiliar na aquisição de novas competências
Compreender as funções de comportamentos e desenvolver programas para atender às necessidades da criança
Fazendo dados objetivos e decisões orientadas para guiar nossas avaliações do progresso do tratamento
Utilizando técnicas de ensino eficazes, tais como o ensino experimental discreta (TDT)

2    TEACCH - (Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children) (Tratamento e Educação de Crianças Autistas e de comunicação relacionados com deficiência)

O TEACCH é um método Psicoeducacional que advoga através do trabalho do seu criador Schopler, que essas crianças respondem melhor a realidades estruturadas de acordo com suas limitações e potencialidades.
O objetivo do programa é promover à adaptação de cada criança de duas formas interatuantes, a primeira é melhorar todas as habilidades para o viver através das melhores técnicas educacionais disponíveis; a segunda, na medida em que existe um déficit envolvido, entender e aceitar esta deficiência, planejando estruturas ambientais que possam compensá-la;
Estas crianças são melhores apoiadas através de seus pais e outros membros da família e com os pais como coterapeutas. Na verdade, isto se traduz por uma colaboração mútua no nível de trabalho ativo onde os profissionais aprendem com os pais e usam suas experiências particulares relativas a seu próprio filho e em contrapartida, os profissionais oferecem aos pais seu conhecimento na área e sua experiência com várias crianças. Juntos definem as prioridades dos programas, na escola, em casa e na comunidade. Esta união é politicamente a mais potente, tanto para o tratamento quanto para a pesquisa;
Um modelo generalista, no qual os profissionais de qualquer disciplina interessados em trabalhar com esta população são capacitados como generalistas. Isto significa que se espera que eles tenham uma habilidade funcional de lidar com toda a ampla gama de problemas provocados pelo autismo, independentemente de suas áreas de especialização. Isto permite que estes assumam a responsabilidade pela criança como um indivíduo (um todo), assim como de consultar especialistas quando necessário ,no entanto é a equipe que cabe a decisão. Com este modelo eles também aprendem a conhecer o ponto de vista dos pais, pois deles se espera a função de generalistas em relação a seu filho, tendo estes necessidades especiais ou não.
É fundamental que os profissionais que trabalham com pessoas com autismo recebam capacitação interna em oito áreas, cujos conceitos e questões tem dirigido a maior parte da atividade de pesquisa do TEACCH durante os últimos 30 anos:
1. Avaliações da criança diferentes situações;
2. Envolvimento dos pais em colaboração com a família;
3. Ensino estruturado;
4. Manejo de comportamento;
5. Desenvolvimento e aquisição de comunicação espontânea;
6. Aquisição de habilidades sociais;
7. Como ensinar capacitando nas áreas de independência e vocacional;
8. O desenvolvimento de habilidades de lazer e recreação.
    

MÉTODO MONTESSORIANO

Vale destacar que este método de ensino apresenta resultados significativos no desenvolvimento de crianças autistas. Ele foi desenvolvido pela educadora italiana Maria Montessori. Esse método tem como objetivo estimular as atividades motoras, sensoriais e intelectuais.
A filosofia Montessoriana acredita que para uma criança aprender o ambiente de aprendizado deverá permitir, entre outras coisas, a satisfação da criança em aprender sozinha. Para que isso aconteça é necessário que o professor observe atentamente as preferências e necessidades de cada criança para proporcionar-lhe as apresentações das atividades de interesse e que estejam dentro de sua capacidade de aprendizagem naquele momento, evitando qualquer tipo de frustração. Com isso a criança passa a ter uma auto-confiança que lhe permitirá desenvolver hábitos de iniciativa própria, nos quais irá procurar, por conta própria atividades em que poderá repetir o que já aprendeu, ensinar aos colegas ou até mesmo aprender algo novo. O método promove o desenvolvimento da concentração. As atividades propostas fazem as crianças aprenderem a trabalhar e brincar com os outros além de trabalhar e brincar sozinho. Aprende também a dividir suas experiências, idéias e os materiais. Maria Montessori acreditava que a criança aprende e pensa bem diferente dos adultos. Segundo ela, o conhecimento é adquirido através de materiais concretos, cientificamente desenhados para acrescentar o pensamento conceitual e levar a abstração.
Portanto os profissionais que atendem as pessoas pertencentes ao espectro autístico necessitam compreender as peculiaridades envolvidas na maneira como elas veem  e vivem o dia-a-dia. Compreender estas diferenças e se esforçar para em determinados momentos ver o mundo pelos olhos deles é essencial para a criação de boas estratégias terapêuticas e educacionais.